terça-feira, 18 de setembro de 2012

QUANDO O PROBLEMA VEM DA COLUNA...

Poucos sintomas atormentam tantas pessoas como dores nos ossos e articulações. Elas resultam de esforços repetitivos, posturas erradas e tensão, da falta de exercícios físicos e do excesso de peso. Quem quiser evitar danos permanentes, deve se prevenir com antecedência.
Estratégias contra o "pescoço duro"
Anualmente, entre 30 e 50% de pessoas de sociedades industrializadas queixam-se de dores nas vértebras da coluna cervical. Em decorrência desses sintomas, entre 11 e 14% dos casos registram limitação de movimentos. Como os órgãos dos sentidos localizados na cabeça são unidos com o restante do aparelho locomotor por meio da coluna cervical, os bloqueios que ocorrem na região do pescoço prejudicam toda a coordenação motora do corpo.

Na realidade, a coluna cervical é a parte de maior mobilidade do eixo central do corpo humano. Entretanto, nessa região os nervos raquidianos, que saem da medula espinhal e são responsáveis pelos braços, a cabeça e o tronco, estão muito próximos do entrelaçamento dos neurônios do sistema nervoso vegetativo e das artérias vertebrais que irrigam o cérebro. Movimentos bruscos, rigidez muscular e a pressão dos discos intervertebrais, ou ainda excrescências ósseas nas vértebras, contribuem rapidamente para uma compressão. Nessas eventualidades ocorrem as dolorosas síndromes da coluna cervical, que podem, inclusive, acarretar perigosas paralisias.

MÚSCULOS CONTRAÍDOS
Mulheres são afetadas por dores na nuca com maior frequência, e mais cedo na vida, do que os homens. Elas frequentemente exercem profissões que exigem uma postura que não é natural, por exemplo, à escrivaninha, diante do computador, ou na operação de máquinas industriais. O constante movimento para cima e para baixo da cabeça contrai os músculos trapézios, em forma de leque, que unem entre si a parte traseira da cabeça, as vértebras cervicais, as clavículas e as omoplatas. O tono muscular mais elevado provoca dores que se irradiam até os braços, a cabeça e o esterno. Essas contrações são chamadas de "síndrome cervical local".

Quando nervos raquidianos comprimidos são a origem das dores, fala-se de "síndrome cérvico-braquial". As causas podem ser uma arqueadura para a frente do anel fibroso do disco intervertebral, ou uma nova formação de matéria óssea nas bordas das extensões vertebrais cervicais, parecidas com ganchos. De acordo com a ramificação nervosa que está sendo comprimida, as dores se irradiam, mas a pessoa afetada também pode sentir formigamentos e falta de sensibilidade até os dedos.

Quando as artérias vertebrais ou o canal raquidiano são pressionados, ocorrem fortes crises de dores de cabeça, parecidas com enxaquecas, acompanhadas de sensações de tontura, zumbidos (tinnitus), além de perturbações visuais e de deglutição. Mas, ao contrário da verdadeira enxaqueca, nesses casos a intensidade da dor depende da postura da cabeça.

NADA COM VIOLÊNCIA
Síndromes cervicais e dores nos ombros são tratados inicialmente de modo conservativo, com aplicação de calor (banho quente, bolsa de água quente, um xale de lã) e medicamentos (analgésicos e relaxantes musculares, além de produtos contra inchaços). Isso melhora por pouco tempo o estado de irritação local, alivia a vértebra afetada e relaxa a musculatura contraída. A pressão também pode ser aliviada por meio da tração manual da coluna cervical, ou com a ajuda do chamado "colar de Glisson", aplicados por fisioterapeutas ou médicos. Massagens são recomendadas apenas quando a fase mais aguda da dor já cedeu. Na quiropraxia, são permitidas suaves manipulação de extensão, enquanto a manipulação da espinha cervical, que envolve uma enérgica torção do pescoço, deve ser evitada a todo custo. A acupuntura pode tirar as dores.

OPERAR SÓ EM CASO DE URGÊNCIA
Quando as dores são agudas, em geral injeções ajudam: raízes nervosas irritadas são acalmadas com anestésicos de efeito local; inflamações são reduzidas com soluções esteroides de cloreto de sódio. Mas nesse caso, é particularmente importante que a agulha seja introduzida corretamente, uma vez que, em situações raras, podem ocorrer lesões da pleura ou até um colapso pulmonar.

Os médicos tornaram-se mais cautelosos em relação a cirurgias da coluna cervical. Às vezes, elas são necessárias após acidentes ("síndrome do chicote"). Em todo o caso, elas são indicadas apenas quando as dores são insuportáveis, e quando há o surgimento de paralisias (após um prolapso do disco intervertebral) ou a ameaça de danos duradouros na medula espinhal. Nesses casos existe o perigo de que veias e artérias vitais de irrigação possam ser interrompidas. Nas chamadas cirurgias de descompressão, protuberâncias ósseas resultantes da artrose são lixadas ou as vértebras são "amarradas" entre si para que sejam estabilizadas (é a chamada "fusão"). Para isso, cavilhas de ossos substituem discos intervertebrais. Mas esses tipos de intervenções estão bem no fim da lista das tentativas terapêuticas (ultima ratio, expressão latina que pode ser trazida por 'último argumento', 'última opção').

NADAR E DESCONTRAIR
Exercícios isométricos para o fortalecimento da musculatura da nuca, natação regular de costas, frequentes pausas durante trabalhos realizados à escrivaninha, uma posição saudável ao dormir (evitar travesseiros muito cheios e grandes e não deitar de bruços!) e um guidão não muito baixo na bicicleta podem proteger o pescoço de danos e lesões.
A COLUNA CERVICAL
A SÍNDROME CÉRVICO-BRAQUIAL persegue os afetados até no sono. Nesse caso, as dores descem do pescoço passando pelo ombro e chegam até a mão. A causa frequentemente é o encolhimento (atrofia) dos discos intervertebrais, cuja função amortecedora diminui, expondo as vértebras a pressões maiores. Estas, por sua vez, reagem com a formação de novos tecidos ósseos. Resultado: hérnias ou calcificações (osteófitos, vulgarmente chamados de "bicos de papagaio") que aparecem nas bordas das vértebras endurecem o pescoço e pressionam os nervos espinais bem como a medula. Medidas preventivas: treinamento muscular e redução de estresse

A COLUNA LOMBAR
TUDO COMEÇA COM a protrusão, a projeção para frente do disco intervertebral. Ela resulta de uma pressão excessiva sobre a col una vertebral inferior, a região lombar. O núcleo pulposo, gelatinoso, do disco intervertebral começa a pressionar cada vez mais contra a parede do anel fibroso que o encerra. Formam-se pequenas rupturas e, em dado momento, o anel se rompe (prolapso): o núcleo pulposo é expelido para o interior raquidiano e comprime os nervos. Ou pode ocorrer uma hérnia sequestrada: quando um fragmento herniado migra para cima ou para o interior do forame. Recomendação para estes casos: fortalecimento e reconstrução da musculatura costal.

DESGASTE PRECOCE
Nossos amortecedores se desgastam rapidamente. Enquanto em uma criança pequena os discos intervertebrais ainda são alimentados com nutrientes por meio de vasos sanguíneos, essas canalizações de abastecimento se perdem em razão da pressão do aprender a andar. A partir desse momento, o disco intervertebral tem de se alimentar por osmose: ele suga seminutrientes de suas proximidades, e expele novamente produtos residuais resultantes - uma transformação que, nitidamente, piora a qualidade de seus tecidos e o sistema de alimentação. Além disso, o teor de água no núcleo do disco intervertebral cai de 90% no primeiro ano de vida para 75% na oitava década. A redução da capacidade amortecedora e diminuição da absorção de nutrientes já levam, a partir dos 30 anos, a um desgaste progressivo. Aos poucos o disco intervertebral vai murchando e acaba secando. O seu anel fibroso pode se romper e partes do núcleo gelatinoso se projetam para fora dele pressionando os nervos próximos.

APERTO ARRISCADO
Na área da coluna vertebral inferior nervos espinais, ou raquidianos, saem dos chamados forames intervertebrais (as aberturas formadas pela articulação de duas incisuras vertebrais) que se estendem pela bacia e as pernas. Quando o corte transversal desses orifícios diminui porque nos inclinamos para o lado ou para trás e os maltratados discos intervertebrais não conseguem mais manter uma distância da vértebra, o espaço fica realmente apertado.

Setenta e cinco por cento de todos os problemas lombares originam-se precisamente aqui. Um abaulamento do disco intervertebral pode comprimir os nervos (a chamada protrusão); o núcleo gelatinoso do disco intervertebral pode ser completamente pressionado para fora de seu invólucro (prolapso); ou apenas uma pequena parte se separa e migra (sequestro). De vez em quando, articulações vertebrais são comprimidas e então friccionam dolorosamente (síndrome facetaria). Como todos esses processos ocorrem em um espaço altamente limitado, podendo tocar tangencialmente as fibras nervosas responsáveis por regiões muito maiores do corpo, o diagnóstico preciso muitas vezes é complicado. As chamadas "síndromes de dores não específicas" se irradiam por músculos e pele, pela região lombar e os pés, pela bacia e as articulações dos joelhos e podem, através de uma reação em cadeia, espalhar-se inclusive pelas regiões superiores do corpo. Hoje em dia, os procedimentos médicos de imagens são considerados menos elucidativos, porque as modificações que podem ser constatadas objetivamente na coluna vertebral e dores individuais raramente combinam. Muitas pessoas têm um problema de hérnia de disco (ou prolapso de disco intervertebral) e se dão conta disso.

Assim, muitas vezes as crises causadas por hérnias de disco ou outros problemas vertebrais só são tratadas de acordo com o procedimento de "tentativa e erro" (trial and error, em inglês): conservativamente com repouso ou ginástica e medicamentosamente com analgesia local através de injeções de procaína ou o emprego de corticoides (particularmente cortisona). A cirurgia aberta, na qual todo um disco intervertebral é extraído, dando origem a excrescências granosas, em geral é evitada. O procedimento padrão para retirar uma hérnia de disco, ou o tecido excedente de um disco intervertebral, é a microcirurgia, na qual os cirurgiões introduzem instrumentos e iluminação por um funil em uma pequena incisão e controlam a operação por meio de um microscópio. 
Fonte: Revista Geo (fisioterapia.com)

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